CONSISTÊNCIA HISTÓRICA DAS POLÍTICAS DOS RECURSOS HUMANOS
(A) A Teoria
Clássica
Começaremos
pela Teoria Clássica da Organização. Foi a primeira escola a procurar explicar
a natureza do comportamento organizacional. Tornou-se conhecida no início do
século, através das obras do alemão Max Weber (1909 / 1949), do francês Henry
Fayol (1916 / 1949) e do americano Frederick Winslow Taylor (1911).
Esta perspectiva
assentava na analogia entre as organizações e as máquinas. Assim, a chave das
actividades organizacionais eram o planeamento, o design e a manutenção
das estruturas e acções organizacionais. O papel do indivíduo é de segundo
plano, favorecendo o todo organizacional. Cada trabalhador tem tarefas e
funções claramente definidas e que se encaixam precisamente nas necessidades do
todo.
Esta perspectiva funcionalista
terá também reflexos ao nível dos RH, que, neste contexto, serão
desvalorizados. Os trabalhadores são apenas um meio para atingir os objectivos
organizacionais, pelo que só lhe devem ser comunicadas as informações
necessárias a um correcto desempenho das suas tarefas. À função de pessoal cabe
o controlo da disciplina, das faltas e da performance de cada
trabalhador. A compensação monetária é encarada como a única forma eficaz de
motivação.
(B) A Escola das
Relações Humanas
A
Escola das Relações Humanas tornou-se conhecida através dos trabalhos de Elton
Mayo (1933), Chester Barnard (1938), Douglas MacGregor (1960)
e Rensis Likert (1961), entre outros.
O seu desenvolvimento
deveu-se, em larga medida, a movimentos de reacção à visão restritiva e mecânica
da teoria clássica, e a uma afirmação da importância do indivíduo e das
relações sociais na vida organizacional. Disto resultará a defesa de
estratégias baseadas no aumento da satisfação dos trabalhadores e na realização
do seu potencial humano.
Do ponto de vista dos
RH, as inovações, permitidas pela nova escola, constituirão um grande passo no
caminho da modernidade. A Escola das Relações Humanas acreditava que os homens
eram a verdadeira essência da organização social, (Kreps, 1990). Sem trabalhadores
não há organização. E estes não são tão previsíveis, precisos e organizados
como pretendia a teoria clássica. São os próprios membros da organização que
decidem quais os seus papéis e como os desempenham. A motivação passava, agora,
pela auto-realização.
(C) O Modelo dos
Sistemas Sociais
O
Modelo dos Sistemas Sociais tornou-se conhecido no final da década de 50
(princípios de 60), com trabalhos dos teóricos March e Simon (1958)
e Katz e Kahn (1966).
Estes autores decidiram aplicar os conceitos
da teoria geral dos sistemas ao fenómeno organizacional. O resultado é a visão
da organização como um conjunto complexo, compostos por partes interdependentes,
que interagem e se adaptam continuamente às transformações do meio ambiente, no
sentido de atingirem os seus objectivos. Os componentes chave do sistema são os
indivíduos, os grupos funcionais, e as tecnologias ou equipamentos. Qualquer
alteração num destes componentes afectará inevitavelmente os restantes, (Kreps,
1990).
Assim, segundo esta
perspectiva os RH são encarados como qualquer outro recurso, que a organização importa
do meio ambiente (inputs), com o objectivo de realizar as tarefas
necessárias à produção de bens ou serviços (outputs). Para que todo o
processo de transformação (dos inputs em ouputs) se realize da
melhor forma, é necessário encontrar a pessoa certa para o lugar certo. A
ênfase é agora atribuída ao desenvolvimento das técnicas de recrutamento,
selecção e formação do pessoal.
(D) A Teoria da
Cultura Organizacional
A
Teoria da Cultura Organizacional é uma perspectiva contemporânea do estudo das
organizações, que se popularizou com os trabalhos de Peters e Waterman
(a procura da excelencia, 1982) e de Deal e Kennedy (Cultura
organizacional: os ritos e rituais da cultura da vida, 1982).
A
visão da organização como uma cultura resulta da perspectiva de que a vida
organizacional tem uma poderosa natureza interpretativa, resultante da partilha
de símbolos com significações próprias, função de uma vivência em comum.
Considera-se que o comportamento organizacional raramente é racionalizável,
pois é conduzido por modelos desenvolvidos pela cultura interna.
Cada organização tem a
sua própria cultura, que fornece aos seus membros um sentido comum na
interpretação da vivência organizacional. Essa cultura é entendida como um
sistema de conhecimentos, valores, crenças, ideias, leis, discursos, acções e
artefactos. E da forma como estes elementos interagem, resulta a identidade
organizacional (Fisher, 1993). A cultura é, assim, o elemento mais marcante e
decisivo de qualquer organização.
A Perspectiva
actual
A perspectiva actual é de que a
comunicação desempenha um papel extremamente importante na GRH. Um tal
reconhecimento contribuiu mesmo para a afirmação da GRH como filosofia geral
de gestão, muito para além da velha noção de função de pessoal. O
papel da comunicação traduz-se em esforços para recolher e difundir informação
relativa ao pessoal na organização, proporcionando à GRH uma mais-valia para o
seu desempenho e para a sua afirmação no universo da gestão empresarial. Disto
resulta um interesse crescente pelas áreas da comunicação, interna e externa,
entre os estudiosos dos RH. A tendência é para a defesa de uma gestão de
pessoal participativa, que se traduziria na criação de sistemas de comunicação
descentralizados, (Horts, 1988).
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